O Príncipe do Deserto é a produção Catari mais ambiciosa até hoje, com um grande orçamento e cheio de estrelas, ainda assim foi um fracasso de bilheteria. Por que isso aconteceu? Foi justo? Vamos discutir isso aqui.



O Príncipe do Deserto conta uma história fictícia sobre a verdadeira descoberta de petróleo na Península Arábica nos anos 30.

Neste conto, uma empresa Estado-unidense encontra petróleo numa área disputada pelos reinos de Salmaah, liderada pelo Sultão Amar (interpretado por Mark Strong) e Hobeika governado por Emir Nesib (interpretado por Antonio Banderas).

Emir Nesib quer explorar as reservas de petróleo e usar o dinheiro para desenvolver o reino, enquanto o conservador Sultão Amar quer que a área continue intocada e neutra.

No meio da disputa, o Príncipe Auda (interpretado por Tahar Rahim) vai ter que escolher entre ser leal a seu pai, o Sultão Amar, ou Emir Nesib, que é o seu sogro e criou ele desde a infância.


E aí?! Eu sou o Marlon e este é o canal Dos Ratos.

A gente vai falar de um filme de cada país que jogou a copa do mundo. Por que tão atrasado? Por razões que não temos tempo pra discutir agora. Então enfim, vamos começar pelo filme Catari O Príncipe do Deserto, dirigido por Jean-Jacques Annaud.

Pra ser sincero, essa não era minha primeira opção, mas como eu não encontrei o filme Clockwise de Khalifa Almuraikhi, foi O Príncipe do Deserto mesmo.

O Príncipe do Deserto parece muito ocidental, com dois europeus brancos como Sultões, e muito mais que isso, como a gente vai ver. Mas isso é o que fez o filme ficar mais acessível, tanto pra mim quanto pra qualquer um de vocês que vá assistir ou já assistiu.

O primeiro ato é devagar e picotado, o que deixa com um fluxo horrível. Nessa parte, não tem desenvolvimento dos personagens nem dos seus relacionamentos, então a gente só consegue se ligar aos personagens muito mais tarde, se é que.

O melhor exemplo disso é a Princesa Leyla (interpretada por Freida Pinto), que passa a maior parte do seu tempo fechada num quarto vigiando Auda de longe. A gente não sabe nada sobre o personagem dela, que acabou sendo minha menos preferida, e depois da infância ela nem tem chance de desenvolver nada significativo com Auda até o casamento deles.

As coisas melhoram nos outros atos, onde entra muita ação, aventura, Guerra e assim por diante. Aí que sentimos mais pelos personagens e vemos suas relações se desenvolverem.

Por exemplo, Auda conhece o Doutor Ali (interpretado por Riz Ahmed), um irmão que ele não sabia que tinha. A gente assiste enquanto a relação deles evolui, fazendo com que a gente se ligue mais aos personagens. Pelo menos comigo, foi assim, eu gostei do Doutor Ali como personagem.

Foi durante o Segundo ato que o filme me despertou mais emoção. Teve uns bons momentos de alegria, triunfo, tristeza, e etc. Mas a conclusão do filme foi meio merda, vazio de qualquer emoção. Não tô falando de todo o terceiro ato, só aquele finalzinho mesmo.

Agora, o que é consistente durante o filme é o orientalismo e como o mundo ocidental é retratado como uma pequena e benevolente parte da descoberta de petróleo na península. Claro que o único interesse do ocidente é ajudar essas nações a terem sucesso. Não é como se eles fossem forjar evidencias de armas de destruição em massa pra poder invadir esses países e controlar seu petróleo.

Observação: Mesmo que você aparentemente esteja no oeste no mapa, você não faz parte do conceito de Ocidente. Ocidente nesse sentido é Estados Unidos, Europa e mais um ou outro, nós somos só colônia, nós seriamos o Sul global.

Já orientalismo, para quem não sabe, é retratar os países tidos como orientais de maneira estereotipada. Por exemplo, pessoas divididas em tribos selvagens, mulheres como odaliscas e muçulmanos burros e fundamentalistas. O Príncipe do Deserto tem tudo isso.

Inclusive uma coisa sobre isso que foi muito criticado foi a escalação do Mark Strong e Antonio Banderas como Sultões árabes. Eu sei que ficaria mais realista colocar atores árabes ou descendentes pra esses papéis, mas daria menos fama e dinheiro pra produção. Nomes grandes como do Antonio Banderas e Mark Strong são necessários do ponto de vista mercadológico.

Além deles, tem como nomes conhecidos a Freida Pinto e o Riz Ahmed, apesar de que eu não sei o quão conhecido era o Riz Ahmed nessa época. De qualquer forma, ele foi ótimo aqui. Freida Pinto foi decentemente bem também apesar do pouco tempo que ela tem na tela.

Como surpresas positivas pra mim, tem o protagonista Tahar Rahim, e no papel de uma escrava resgatada, Liya Kebede. Eu não conhecia eles antes e as performances me agradaram. Por último, eu acho que aspectos como trilha Sonora e fotografia podem colocar um filme médio um degrau acima, mas não foi o caso de O Príncipe do Deserto, aliás, longe disso. Tanto a fotografia quanto a trilha sonora são medianos, nada marcantes, uma síntese do próprio filme como um todo.


O Príncipe do Deserto é a definição de medíocre. Todo aspecto dele “não é ótimo nem péssimo. Mas não é tão ruim quanto umas críticas profissionais fazem parecer. Eu dou para O Príncipe do Deserto 2 e ½ de cinco.

É isso. Eu te encorajo a se inscrever no canal, dar like, comentar e compartilhar o vídeo e/ou esse texto.

Obrigado. Nos vemos em breve!


Links e Fontes

Colin Powell com vidro de anthrax: Domínio Público

Iraque Invadido: http://m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,com-justificativa-falsa–iraque-era-invadido-ha-10-anos,8951,0.htm

Mapa Norte-Sul Global: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sul_global

Orientalismo de Edward Said: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1861897/mod_resource/content/1/said%20edward%20w%20-%20orientalismo.pdf

IMDb: www.imdb.com/title/tt1701210/

Rotten Tomatoes: https://www.rottentomatoes.com/m/day_of_the_falcon

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